Finanças

Investidores do setor elétrico devem estar atentos às mudanças esperadas para 2023

Escrito por Erick Araujo

Diante da maior preocupação política e social com o meio ambiente, expectativa é de reorganização da matriz energética.

Mudanças significativas podem ocorrer no setor de energia elétrica em 2023. A expectativa é que seja um momento de intensificar a ampliação da participação de fontes renováveis e, assim, promover a reorganização da matriz energética nacional, segundo a avaliação de representantes do setor.

A perspectiva é justificada por diferentes fatores, que incluem o protagonismo do país na agenda climática mundial, os novos governos federal e estaduais, o avanço da eletrificação automobilística e o marco legal da geração distribuída.

Para quem investe ou pretende investir em empresas que atuam no setor, a recomendação é manter-se informado sobre as concretizações dessa perspectiva. Cada passo em direção às mudanças que são aguardadas impacta diretamente o desempenho das companhias e o valor dos ativos.

De olho na Bolsa de Valores

A Bolsa de Valores (B3) desenvolveu o Índice de Energia Elétrica (IEE), que tem como função apresentar o desempenho médio dos ativos das empresas. Na prática, ele funciona para os investidores como uma espécie de termômetro medidor das cotações.

Entre as empresas do setor listadas na B3 estão AES Brasil (AESB3), Alupar (ALUP11), Auren Energia (AURE3), Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (TRPL4),

Companhia Energética de Minas Gerais (CMIG4), Companhia Paranaense de Energia (CPLE6), Eletrobras (ELET6), Energisa (ENGI11), Neoenergia (NEOE3) e Omega Energia (MEGA3).

O IEE deve ser considerado na hora de investir. No entanto, como ele oferece uma avaliação sobre o desempenho geral do setor, o investidor também deve analisar as informações individuais das empresas.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) alerta sobre a importância de checar relatórios, balanços e projeções divulgados pela companhia antes de investir. As informações estão disponíveis no site da B3.

Panorama do setor

A matriz energética é formada pelas fontes de energia para a realização de diferentes atividades, como a movimentação de veículos, a preparação de alimentos e, também, a geração de eletricidade, como informa a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Governo.

No Brasil, ela é composta em maior parte por petróleo e derivados (34,4%). Em seguida aparecem os derivados da cana-de-açúcar (16,4%), gás natural (13,3%), fontes hidráulicas (11%), lenha e carvão vegetal (8,7%), outras fontes renováveis (8,7%), carvão mineral (5,6%), fonte nuclear (1,3%) e outras fontes não renováveis (0,6%).

Na análise da matriz elétrica, que reúne os tipos de fontes exclusivas para a geração de energia elétrica, é observada outra composição: mais da metade da produção é proveniente de origem hidráulica (56,8%).

Na sequência estão gás natural (12,8%), eólica (10,6%), biomassa (8,2%), carvão e derivados (3,9%), petróleo e derivados (3%), solar (2,5%) e nuclear (2,2%). Os dados são do Balanço Energético Nacional, divulgado em 2022.

A expectativa é que o contexto de maior preocupação política e social com a agenda ambiental propicie investimentos em fontes renováveis de energia que permitam uma reorganização da matriz elétrica – e, consequentemente, da energética – capaz de reduzir a participação das hidrelétricas na produção de energia.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), os investimentos privados na área devem superar R$ 50 bilhões em 2023, o que irá contribuir para a ampliação da capacidade produtiva e a criação de 300 mil empregos no país.

Já a Associação Brasileira da Energia Eólica (ABEEólica) aguarda que 2023 seja o momento para iniciar a geração offshore no Brasil, produzida pela força dos ventos em alto mar, o que também irá contribuir para uma maior participação do setor na produção de energia.

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Erick Araujo